I
CAPÍTULO
O
FUNDAMENTALISMO HUMANO
1.
TERMINOLOGIA
E ALCANCE CONCEITUAIS
Todo homem
aspira às grandes realizações, podendo estas serem de carácter objectivo ou
subjectivo. Não havendo uma desobstruição nas consecuções, serve-se de
parámetros estipulados ou pela sociedade ou por uma individualidade, que
apontam para aquilo o qual pretende alcançar. Assim, terá uma propensão para as
práticas que lhe indicam o caminho por percorrer, de modo a chegar à meta, uma
vez que se terá identificado com as mesmas práticas. A estas, dá-se o nome de modelo,
recorrendo, porque padroniza todo um percurso de alguém, determinando os prós e
os contras.
O mundo
apresenta-se cada vez mais para a mudança e distante de se manter na sua
situação normal, porque vai assistindo a um conjunto de dinâmicas que
neutralizam as forças da racionalidade mundial, deixando-o num vade mecum sob pena de cair no sui agnóstico. Há, porém, uma parte do
mundo que se não revê nas práticas, teorias e pensamentos que não traduzem a realidade que os
caracteriza para o contexto da mesma parte. Em meio aos rumores da
impossibilidade de uma mutação mundial, caracterizada pela recorrência às
origens, esta parte, acredito eu, torna-se a esperança de uma vida fratrófila,
pacífica e correspondencial, por ser e fazer, incorruptivelmente, o que se
define pela radicalidade humana, advinda do amor (Deus).
Para melhor
entendimento, façamos um recurso à etmologia verbal:
Modelo: do latim Modulus,ī (dim. de modus), m-medida,
movimento regulado, método, etc - Característica da atitude que é tida
como uma por se seguir, quer por uma colectividade quer por um individuo.
Santidade: do latim sactitas,ātis (sanctus, que é o part. de sancio, is, ere), inviolável, de costumes puros,
virtuoso, divino, etc – Característica do que ou daquele que mantem
vivo os
ideais mais nobres da humanidade, isto é, paz, amor, solidariedade,
fraternidade, delicadeza, paciência, desinteressse material, verdade, etc.
Para a percepção
dos ideais mais nobres do humanismo, há a considerar a ORIGEM (Divina) DO HOMEM e a SUA
FINALIDADE.
Naquela, há o
sentido da imago Dei, segundo o qual deve fazer-se a transparência das características
que situam a Deidade como pressuposto do homem, para tal, basta que notemos as
concepções antropológicas sobre Deus, para constatarmos a dimensão de que a
humanidade terá saído e que seria tida como (o) REPRODUCENDUS de geração à geração, é uma atitude que, diga-se,
mais que traduzir o homem, perpetua a Deidade presencial.
Nesta, há o
ponto mais alto da humanidade, a SANTIDADE, que através de sucessos e insucessos que sucedem sem sessar, chega-se
à felicidade, que é tida como uma realidade resultante da correspondencialidade
efeitiva.
Nasce uma questão:
Como
determinar o que nos indica para esta finalidade a que aspiramos, em meio a um
conjunto real, caracterizado por variabilíssimas maneiras de proceder?
É tão simples
quanto se pode pensar:
Uma orientação
catedrática dada pelos padres da Igreja, com que concordo, explica do seguinte
modo: «o homem (Igreja) reconhece como
práticas canónicas aquelas que correspondem à sua natureza e que a definem,
isto é, práticas nas quais o próprio homem se reconhece e que estão em
conformidade com a sua missão enquanto vivente.»
Tudo isto nos
leva a um pensamento conservador. Perceba-se: conservar implica ter a noção e
conseguir identificar os termos imperiosos. Se o homem não tiver a
possibilidade e capacidade de delimitar a vastidão daquilo que deve
conservar-se e de o transmitir ao mundo, haverá um desiquilíbrio normativo
marcado pela ascensão do relativismo e decadência do essencialismo,
constituindo uma posição de encontro àquilo a que a nossa natureza se propõe.
Portanto,
sirvamo-nos de um método racional identitário, ou seja, percebámo-nos nas
práticas, isto exige uma reflexão pura da
alma para alma ou ainda uma posição gnóstica.
No pensar de
Teódoto, estudioso gnóstico, gnóstico é quem consegue entender ‟quem éramos e
em quem nos tornámos; onde estávamos
[...]; para onde nos precipitamos; do que estamos sendo libertos; o que é o
nascimento e o que é o renascimento”.
(citado por VASCONCELLOS, Pedro Lima, em O código DAVINCI e o cristianismo dos
primeiros séculos, paulinas, pg. 54). Apud Pedro Lima Vasconcellos, trata-se
pois de realizar, de forma sui generis,
o ideal Socrático do ‟conhecer-se a si mesmo, sua origem e destino” e
Agostiniano ‟não saia de si porque a
verdade esta em si”. ‟É uma dentre outras formas para a
libertação, redenção, do ser humano, precisamente das limitações da existência
terrena por meio da introspenção em relação essencial com uma região
ultra-mundana de liberdade e de descanso”. (RUDOLPH, Kurt, citado por Pedro Lima Vasconcellos em O Codigo DAVINCI
e o Cristianismo dos Primeiros Séculos, S. Paulo, Paulinas, 2006, pg. 54).
2.
A
ANTROPOGENIA
Sendo a
Antropologia o estudo da generalidade humana, tendo em conta a morfologia
somática e os seus aspectos sócio-culturais, a reflexão no homem não pode ser
uma dinâmica autónoma de uma sociedade específica, onde exista um determismo
que padronize e regularize o problema homem, desconsiderando o homem como um
facto da circunstacialidade social, do tradicionalismo cultural do grupo a que
pertence e dos aspectos genéticos tradiocionais, estes sim, tornam-no
individuo.
Deve ser uma
reflexão que toma corpo nas concepções de todos os povos, pois o que prefiro
chamar de naturalismo filosófico à Filosofia elementar ou espontânea é um dos
elementos que determinam a ânsia de querer saber do Universo, das coisas e
sobre tudo do homem. Aliás, os dois grandes ramos da Antropologia, isto é,
Física e Cultural, apontam para uma realidade que não pode ser exclusiva, dado
que cada individuo apresenta as suas variações somáticas, pretença a um grupo
com manifestações culturais, estas muitas vezes são frutos das percepções
filosóficas e mitológicas dos ditintos povos que, através do tempo, se
apresenttam como um potente contribuinte para a progressão e constiuição da
Antropologia.
Eta tem sido a
tese de alguns estudiosos antropólogos, que defendem a liberalidade especulativa
de todos os povos sobre o homem. Mas, isto, não tira a divinização da origem
humana, basta que nos centremos nos princípios básicos das concepções
mitológicas sobre o homem, para notarmos que não se atribúi ao acaso a origem
do homem, porque coisa alguma vem do nada, e que há no fundamento humano a
presença de um supremo, revelando que uma perfeita criatura, que é o homem, com
os seus mistérios, suas realidades, seus complexos, etc, só pode ter vindo de
um pesrfetíssimo.
(... falta)
A mesma estimula
teorias que defendem a necessidade humana de uma atitude animal, uma vez que
sua natureza não revela os aspectos valorativos humanos, sim uma dimensão
impulsiva. Se, de facto o homem é originário dos grandes símios ou primatas,
como entender a ilogicidade dos comportamentos que revelam a sua natureza? Não
estaria o homem a desapegar-se do seu fundamento?
Consideremos as
seguintes questões:
Se consideramos
a evolução como sinónimo do resultado da interacção do homem com o meio,
dando-lhe apenas novas metodologias resolucionais, o relato, pois, do Génesis
pode corresponder à verdade.
Se consideramos
a evolução como sinónimo de mutação específica, por meio de vários factores e
sobre tudo da interacção do sujeito com o meio cirscunstancial, retirando-lhe a
radicalidade genérica, como se percebe a estaticidade da espécie homo? Visto
que está em constante relação activa com o meio em que está inserido.
Outrossim, se a
evolução do homem não aponta, mais uma vez, para outro género ou espécie,
embora continue o homem a interagir com o meio, assim, as transformações que
aconteceram no percurso histórico da espécie homo são implicadas no género,
desta feita, não pode pertencer à família dos grandes primatas, porque é um
género a parte.
2.1.EVOLUCIONISMO E
CRIACIONISMO SEGUNDO O MAGISTÉRIO
Não
existe uma negação absoluta do Magistério quando se pronuncia, explicando o evolucionismo
ou a evolução do ser humano ao longo do cosmos, especialmente da terra.
A
Igreja fundamenta-se na Sagrada Escritura e indica para essa possibilidade na
parábola que explica, para o povo daquela época, a necessária intervenção de
Deus na criação explícita e diferenciada do homem e da mulher em comparação com
todas as demais criaturas (cf. Gn. 12, 26-31; 2, 18-25). Deus, na linguagem
literária utilizada pelos escritores sagrados, modelou o homem e a mulher, à
semelhança do que faz um oleiro, a partir de materiais pré-existentes na
natureza que fora criada pelo próprio Deus e que o texto bíblico sintetiza no
termo barro, limo, humus, etc. E há no relato o pormenor do soprar de Deus (a
ruach que sai de Deus) nas narinas do futuro ser, que passaria, por causa
disso, a existir como ser humano. Esta ruach constitui o diferencial mais
importante, conforme o próprio dizer da sagrada escritura.
A
criação do ser humano, segundo a narrativa bíblica, é diferente dos outros
seres, porque ele é a imagem de Deus. Por este motivo, entre ouros seres,
recebe a ruach que vem directamente de Deus. Os demais seres reproduzem-se
sozinhos, dee maneira natural, mas o homem necessita que Deus crie a alama,
espírito e a infunda na corporeidade humana.
Há
um outro campo muito polémico quanto à do ser humano. É a hipóteses do
pligenismo, isto é, o aparecimento de diversos casais de um mesmo tronco
originário e não de um único (revelado na Bíblia como ish-homem- e isha-mulher)
do mesmo tronco Adama (ser humano). O poligenismo é totalmente rejeitado pela
Igreja, por ser contrário à doutrina do pecado original universal e, também,
contrário à unidade da historia da salvação. Mesmo assim, apesar de não aceito,
há uma brecha de tolerância se se considerar Adama, ser humano, que depois
evoluíu. E para a Igreja, em sua Antropologia Teológica, esta hipótese não
contraria a criação do género humano na história, do qual o retante da
humanidade partiu.(in texto de apoio de Antropologia
Física, Seminário Médio Bom Pastor, Benguela, 2011.)
Interessa aqui referir vários aspectos
que dão uma certa logicidade à criação do homem por Deus. Das múltiplas
interpretações, que vão sendo feitas pelos estudiosos da Bíblia quanto às
atitudes Divinas no acto da criação, segundo a narrativa do Génesis, selecionei
algumas com que concordo, pois expressam de maneira coesa e coerente uma série
de características que fazem parte da suficiência humana, até a um certo ponto,
e que indicam a presença de um Deus criacionista, que galvaniza o aspecto
suficiente do homem, sua criação.
3.
PRINCÍPIOS
DA FUNDAMENTOLOGIA REFLEXIVA DA SUFICIÊNCIA
HUMANA
O
acto de dissertar as práticas correspondentes à fundamentologia humana
3.1.(Razão e Fé)
Uma definição
pura de Fé é apresentada pelo autor
da carta aos Hebreus:«ora, a Fé é a garantia das coisas que se
esperam e certeza daquelas que não se vêem.» (Hebreus: 11,1.). e outra pelo Frei Paolo Dalla Costa O.F.M CAP.
in Teologia Moral Fundamental: «Fé é a resposta positiva ao dom de Deus ou,
mais por extenso: o acolhimento livre e consciente de Deus e das obras que Ele
realizou em favor dos homens.»
Ou ainda, se
quisermos: acto que consiste na contemplação do trascendental e na certeza de que
é qual se nos apresenta.
Quer esta,
aquela e aqueloutra implicam um acompanhamento consciente da nossa parte,
perfeita comunhão entre nós e o «sujeito-objecto» em que acreditamos, ou seja,
a Fé, mais do que ser dito verbalmente, deve transparecer no nosso modus vivendi, por isso disse S. Tiago:«De que vale, irmãos, que alguém diga que tem
Fé, se não tiver obras de Fé? Acaso essa fé poderá salvá-lo? [...] Assim também a Fé: se ela não tiver obras,
está completamente morta.»
Portanto, se
acreditamos que há um transcendetal em nós, que nos indica os prós e os contras
da progressão humana, vivamos demonstrando-o, por outras palavras, deve haver
uma resposta, como disse o já citado Frei Paolo, que corresponda ao revelado ou
à revelação em que se deposita a Fé, ou ainda, se acreditamos que somos filhos
da Luz, vivamos como tal.
A Fé, sendo
iluminação do alto, não pode nunca tender a uma direcção contrafundamental
humana, justificado por um mero relativismo. Daí que o acto de crer é, mais do
que sério, profundo.
Razão: vem do Latím, ratio, nis, que por sua vez vem do verbo reor, eris, eri, ratus sum, significando: pensar,
julgar, calcular, etc.
E segundo uma
sebenta curricular acedémica do Seminário Maior de Fiosofia do Huambo, 2000-2001:
«Trata-se
da terceira operação do intelecto com a qual se chega ao conhecimentos de
verdades desconhecidas. É o acto que compete a uma inteligência imperfeita que
não intui imeadatamente a verdade, mas tem necessidade de proceder
trabalhosamente do conhecido ao desconhecido. Por isso, além de um ser
ilnteligente, é o homem um ser racional.»
Com ela,
torna-se possível, por meio de uma análise que percorre os vários focos,
determinar as situações de uma realidade, quer subjectiva quer objectiva, humana.
Não nos
esqueçamos de que é muito significante o facto de termos a capacidade identitária,
um acto que advem essencialmente da intraflexão ou da atenção depositada ao
nosso essencial.
Dada as
exigências de uma identificação, são indispensáveis os dois princípios sóficos
candentes, isto é, Razão e Fé, que se entendem, na visão de
Thomas de Aquino, como etapas variantes do conhecimento e da verdade – ratio ancilla fidei.
Razão e Fé constituem um casamento perfeito
porque levam o homem à verdade, que é pura, dignificante, mas dolorosa,
parcialmente.
Apud Thomas de
Aquino, há uma implicitude relacional
entre Razão e Fé, baseando-a nos seguintes princípios:
Ø Razão e
Fé são modos difererentes de
conhecer: a Razão aceita a verdade
devido a sua evidência intrinseca; a Fé aceita-a devido a autoriadade de Deus
revelante.
Ø Razão e
Fé (Filosofia e Teologia) não podem contradizer-se: porque Deus é seu autor comum.
Portanto, a verdade da razão não pode jamais entrar em conflito com a verdade
revelada: a verdade não pode contrapor-se à verdade, pois quem é pela verdade
não é contra ela. Quando aparece uma oposição é sinal de que não se trata de verdade,
mas de conclusões falças ou não necessárias. (Aquino, Thomas de, citado por
Battista Mundin in curso de Filosofia, I vol., S. Paulo, Paulus, 2008. Pg.
187).
Ø Embora a razão seja
suficiente para conhecer as verdades fundamentais de ordem natural e seja
autónoma no estudo das coisas naturais, ela é incapaz, por si só, de penetrar
nos mistérios de Deus que é o seu bem último.
Agora, tendo a revelação indicado à razão onde
se encontra a verdade, o homem sabe para onde dirigir sua pesquisas e suas
acções mais diversas. Compete-lhe tornar intrinsecamente evidente aquilo que,
guiado pela fé, já sabe que é verdadeiro.
Ø A razão pode prestar
precioso seviço á fé, isto de três modos:
ü Demonstrando tudo
aquilo que é preâmbulo da fé: (ad demonstrandum ea quae sut praembula fidei).
ü Ilustrando, por meio de
certas semelhanças, tudo que pertence à fé:
(ad notificandum per aliquas
similitudines, ea quae sunt fidei).
ü Opondo-se a tudo que é
dito contra a fé: (ad resistendum is quae quae contra fidem dicuntur). (Idem. Pg. 188).
Na Filosofia da finalidade ou, como alguns
preferem, finismo filosófico há uma
tendência explicativa segundo a qual a Razão
tem por fim a Fé, como o homem tende
à felicidade ou bem supremo.
Notemos que com
a Razão, actividade intelectual que
consiste na análise multífoca da realidade, chegamos ao critério da certeza,
definida, do prisma gnosiológico, como «o
estado em que o intelecto exprime um juízo sobre a verdade de um seu
conhecimento, sem temor de se enganar. Tenhamos
em conta que, de facto, a verdadeira certeza implica a consciência de se achar
na verdade.» (in sebenta do Seminário Maior de Filosofia do Huambo,
2000-2001)
Faríamos uma
questão: Quando é que isso acontece?
Lógico, quando
se chega á evidência, que é o critério último da certeza.
Decifremos, para
melhor percepção, a evidência: gnosiologicamente, «é a clareza com que a verdade se impõe ao espírito. É uma particular
luminosidade ou clareza que a realidade conhecida tem em si, e que constrange a
faculdade cognitiva a aceitá-la tal qual é, não como dúvida, mas como certeza.
É a auto-revelação do ser conhecido ao sujeito cognoscente.
Note-se que na evidência, antes de mais, é evidente
o objecto conhecido; depois é evidente a conformidade entre o nossso
conhecimento e o objecto conhecido, isto é, verdade. Em consequência disso,
aderimos a tal conhecimento com firmeza (estado de certeza).»
(idem).
3.2
CRITÉRIOS PARA A IDENTIFICAÇÃO
(de uma prática fundamental ou essencial
de expressão humana)
Para sabermos se uma determinada prática
é fundamental ou essencial de expressão humana, é indispensável criticar:
Ø A
origem da prática;
Ø A
sua conformidade com o puro, determinado pela fé;
Ø A
finalidade a que aponta;
Estes critérios,
embora não sejam absolutos, dada a vastidão especulativa da sofia, constituem
os imprescindíveis, pois identificam a natureza, o ambiente cursivo e o fim último
da prática, fazendo o chamado corpus
plenus actionis (conteúdo pleno da
acção).
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